O chocolate é um alimento
de grande valor nutritivo e energético (cerca de 523,8 Kcal em 100g).
Seus três ingredientes:
cacau, leite e açúcar fazem com que ele seja considerado um alimento
balanceado, isto devido ao teor de proteínas, carboidratos, lipídios, sais
minerais e vitaminas.
Tipos de Chocolate
- Chocolate amargo: Produzido a partir do cacau, adição ou não de açúcar e
leite.
- Chocolate branco: Manteiga de cacau, açúcar e leite.
- Chocolate ao leite: Pasta de cacau, açúcar e leite, leite
em pó evaporado ou condensado.
- Chocolate em pó: Cacau em pó com açúcar
- Chocolate “fondant” e chocolate tipo
suíço: Contém no
mínimo 30% de gordura de cacau, o que abaixa seu ponto de fusão.
- Diet de leite: Massa e manteiga de cacau, leite em
pó, edulcorantes alimentícios.
- Diet Branco: Manteiga de cacau, leite em pó,
edulcorantes sorbitol e sacarina.
- Chocolate de soja: Soja, não possui glúten (podendo ser
consumido por celíacos). Isento de gordura trans e colesterol. Rico em
nutrientes, proteínas e fitoquímicos (isoflavonas).
Cacau
Para poder ser utilizado
para a fabricação do chocolate, o cacau precisa passar por um processo de
fermentação. A correta fermentação e posterior secagem da semente de cacau são
fundamentais para o desenvolvimento de aromas e precursores.
O fruto do cacaueiro é
coletado da árvore e partido ao meio para a retirada das sementes. Um fruto
pode conter de 30 a 40 sementes envolvidas pela polpa do fruto.
Após a remoção das
sementes juntamente com a polpa, as mesmas são dispostas em caixas ou
engradados para a fermentação. A próxima etapa é a secagem/torrefação da
semente. A secagem pode ser realizada submetendo-se a semente ao sol ou podem-se
utilizar secadores.
A quantidade de polifenóis
solúveis encontrados nas sementes frescas secas e livres de gordura é de
15-20%. O contéudo de polifenóis na semente de cacau pode variar dependendo da
região onde é cultivado, da diversidade de cultivo e das práticas após a
colheita.
Outros compostos encontrados
no cacau são proteínas, gorduras, fibras, cinzas, cálcio, ferro, tiamina, teobromina,
cafeina, niacina.
A semente de cacau possui
em média 50% de gordura de cacau. O contéudo de polifenóis na semente de cacau
pode variar dependendo da região onde é cultivado, da diversidade de cultivo e
das práticas após a colheita.
Oliveira, M.A. EXTRAÇÃO DE POLIFENÓIS
DA SEMENTE DE CACAU, 2005. (tese – universidade Federal de Santa Catarina)
Chocolate e densidade óssea
O chocolate pode ser uma
importante fonte de oxalato, que é inibidor da absorção de cálcio.
Em um estudo feito com
mulheres entre 70 e 85 anos (nos EUA), mostrou que maior frequência de consumo
de chocolate foi linearmente relacionado com a menor densidade óssea (a
frequência do consumo foi dividida em 3 categorias: 1x/dia; 1x/semana; 1x/mês).
Aquelas que consumiam diariamente o chocolate tiveram uma densidade óssea 3,1%
menor quando comparadas com aquelas que ingeriam semanalmente.
Constatado (em outro
estudo – Nguyen, N.U.; Henriet, M.T.; Dumoulin, G.;, Widmer, A.; Regnard, J.;
Increase in calciuria and oxaluria after a single chocolate bar load. Horm Metab
Res 1994;26:383– 6. ) que 100g de chocolate preto, aumenta a excreção de cálcio
em 147%. A explicação para isso ainda não está bem definida, mas pode-se
atribuir ao efeito do açúcar (o aumento da insulina estimula a calciúria).
Este é o primeiro estudo a
investigar a relação entre o consumo de chocolate e densidade óssea, e levanta
preocupações que o consumo frequente de chocolate pode aumentar o risco de
osteoporose e fratura.
Chocolate
consumption and bone density in older women. Am J Clin Nutr 2008;87:175– 80.
Chocolate e humor
Há uma série de sugestões
de que as propriedades do chocolate para melhorar o humor reflitam a ação da
cafeína (menos de 0,1%) e magnésio (300mg/100g), mas as quantidades dessas
substâncias são tão baixas, que a teoria mais sustentável é a de que, o
chocolate estimula a liberação de endorfina no cérebro, resultando na elevação
da disposição mental induzida pelo chocolate.
Além disso, o chocolate
também possui o triptofano, que estimula os receptores da serotonina e da dopamina,
que têm a função de melhorar o humor. Isso poderia explicar o conhecido desejo
das mulheres na fase pré-menstrual por chocolate.
BOTSARI, ª Medicina Complementar. Ed:
Nova Era, 2ed. 2007.
Chocolate e Azia
Para pessoas que sofrem de
azia, o consumo de chocolate deve ser diminuído, pois este contém substâncias
que podem piorar o quadro, principalmente a teobromina (160 mg por 100 g de
chocolate) que relaxa o músculo do esfíncter, que controla as invasões do ácido
gásrico, fazendo o músculo relaxar (RICHTER; LANNES, 2007; CARPER, 1995).
Fenilatilamina
O chocolate contém
proteínas cuja estrutura química contém uma amina, a fenilatilamina. Aminas
biogênicas (BA) são bases orgânicas com anéis alifáticos, produzidas
principalmente por descarboxilação microbiana de aminoácidos. Os efeitos
vasoativos das aminas triptamina, tiramina e feniletilamina concluíram que elas
são potentes vasoconstritoras tanto em artérias como em veias. (BOTTEON,
P.T.2008).
Cada 100 g de chocolate
contêm 600mg dessa substância, que pode ser considerada um estimulante muito
parecido com outros produzidos naturalmente pelo organismo, a dopamina e a
epinefrina (RICHTER; LANNES, 2007)
Alguns estudos mostram que
esta substância também pode causar dores de cabeça, devido à constrição de
vasos sanguíneos que irrigam a parte que fica entre o couro cabeludo e a caixa
craniana. Isto acaba por prejudicar a circulação sanguínea causando dor. Isso
ocorre, pois o sistema imunológico pode realizar leituras incorretas, ou seja,
o mecanismo de defesa interpreta a proteína de alguns alimentos como substancia
estranha e ameaçadora. Imediatamente, criam barreiras de proteção e ataque,
provocando pequena guerra que irá resultar em dor de cabeça (Salgado,
J.M.2000).
Nos chocolates, elas se
apresentam como feniletilaminas e tiramina, em muitas pessoas pode causar um
pequeno mal estar e vaga dor de cabeça ou ate uma dor muito intensa (SALGADO,
J.M.2000).
O chocolate branco contém
manteiga de cacau, mas não contem licor de chocolate (uma fonte de tiramina),
não estimulando a dor de cabeça (CARPER, 1995).
Alguns autores contribuem
também a tiramina e a feniletimina o poder viciante do chocolate. A feniletilamina
age como um estimulante e antidepressivo similar à epineprina e anfetaminas
devido a sua ação e composição. Em pessoas depressivas os níveis de
feniletilamina e seus metabólicos apresentam-se baixos, e a procura por
chocolates pode ser uma forma de automedicação (HAIAT, P.D.2010).
Os “chocólatras” são
pessoas com problemas no mecanismo de regulagem de fenilatinamina no corpo
(WEISS, 1999).
Antioxidantes
O resveratrol é uma
substância contida principalmente nos vinhos tintos, que também está presente
no chocolate e tem ação antioxidante, pois diminuindo a agregação plaquetária,
tem efeito de aumentar o HDL-colesterol e diminuir os níveis plasmáticos de
LDL.
Quantidades:
Vinho = 832 µg por garrafa / Cacau =
14,1 µg / porção / Chocolate dark = 18,5 µg/porção
Amendoim torrado = 1,5 µg/porção / Manteiga
de Amendoim = 13,6 µg/porção
Dentre estes produtos que
foram identificados como sendo fontes naturais de polifenóis, o chocolate
encontra-se como sendo uma fonte interessante destas substâncias.
No estudo do chocolate,
observou-se que o tipo amargo apresentava uma concentração dos polifenóis maior
que em outros tipos, como o chocolate ao leite, por exemplo. Evidenciou-se que
o cacau era a fonte das substâncias conhecidas como polifenóis.
A comprovação prática que
o cacau é a fonte dessas substâncias é que o chocolate tipo amargo possui maior
porcentagem de cacau em sua composição que os outros tipos de chocolate.
Os polifenóis são
poderosos antioxidantes que combatem os radicais livres, que são moléculas
acusadas de provocarem o envelhecimento precoce e até tumores. Os polifenóis
também possuem um importante papel na inibição de processos vasculares e
inflamatórios, que contribuem para diversos tipos de patologia (VERONESE, 2009;
PASCHOAL,2002).
Os flavonóides são uma
classe de polifenóis, que têm como mecanismo de prevenção a proteção de
moléculas (lipídios, proteínas e ácidos nucléicos) de danos oxidativos,
suprimindo a resposta inflamatória e modulando a homeostase vascular (DEMROW,
1995). Flavonóides absorvidos pela dieta trabalhariam junto com o sistema de
defesa antioxidante endógeno, as enzimas, pequenas moléculas antioxidantes e
vitaminas. Foi visto que em chocolate amargo há 53,5mg de catequina por 100g de
chocolate, e em chocolate ao leite, a concentração é de 15,9mg/100g (LLJA, 1999).
Catequinas são encontradas em várias frutas, como damasco, no vinho tinto, mas
as maiores fontes são o chá verde e o chocolate. Epicatequina e catequina são
os mais importantes flavonóis encontrados em frutas, e não são glicosilados, ao
contrário das outras classes de flavonóides.
(MANACH,
C. et al. Polyphenols: food sources and bioavailability. Am J Clin Nutr 79:727-47, 2004
Procianidinas
Também conhecidas como
taninos condensados, são dímeros, oligômeros e polímeros de catequina,
responsáveis pela adstringência de frutas (uvas, caquis, maçãs, pêssegos, entre
outros), e de bebidas (vinho, chá, cerveja) e pelo amargor do chocolate.
HAMMERSTONE,
John. F.; LAZARUS, Sheryl A.; SCHMITZ, Harold H..Chocolate: Modern Science
Investifates and Ancient Medicine. The
Journal of Nutrition, n.130, p.2086s-2092s, 2000.
Cafeína
O chocolate comercial
contém menos de 0,1% de cafeína, e são menos estimulantes, em termos de volume,
que um copo de café descafeinado (WEISS, 1999).
O Cacau presente nos
chocolates possui um conteúdo fitoquímico, especialmente pela metilxantina e
pela teobromina, substancias com efeitos estimulantes semelhante a cafeína. Especula-se
que a busca pelo chocolate possa estar associada a essas substancias.
Alguns autores afirmam que
poderia haver um sinergismo que potencializaria o efeito estimulante das
metilxantinas nos produtos a base de cacau. Além disso, o chocolate também
possui substâncias que mimetizam a ação da anandamida, um neuromodulador que
aumenta a atividade da dopamina, o que seria fundamental para a compulsão, caso
esteja em quantidades suficientes (HAIAT, P.D.2010 e RICHTER; LANNES, 2007).