DAMASCO


Propriedades Nutricionais

O damasco é uma fruta muito nutritiva, rica em fibras e pouco calórica. Essa fruta oferece apenas 48kcal a cada 100g, o que a torna muito indicada para dietas de emagrecimento. O damasco seco é um lanche que além de oferecer uma quantidade de calorias bem pequena e ser muito nutritivo, não tem gordura1, 2, 3.

Essa fruta contém alto teor de pró-vitamina A, na forma de beta-caroteno, além de fornecer boas quantidades de vitaminas do complexo B1,3.

Ao contrário das frutas tropicais, muitas das quais são ricas em carotenóides, as frutas de clima temperado são normalmente pobres nesse composto. Praticamente, as únicas frutas carotenogênicas de clima temperado são o damasco, o pêssego e a nectarina4.

Na verdade, os damascos são uma das melhores fontes de vitamina A, devido à presença do beta-caroteno. A vitamina A protege e mantém saudáveis os olhos e a pele, fortifica o sistema imunológico, e é um poderoso anti-oxidante. Três damascos proporcionam 30% da quantidade recomendada por dia de vitamina A5.

É por isso essa fruta é indicada em casos de enfermidades nos olhos, anemia ferropênica, afecções de pele e mucosas e afecções nervosas2. Quando obtido a partir de alimentos, o beta-caroteno é um antioxidante, substância que protege contra o dano celular que ocorre quando o corpo queima oxigênio. Este dano celular desempenha um papel coadjuvante no envelhecimento além de aumentar o risco de desenvolvimento de doenças do coração, câncer, entre outras patologias1.

O damasco é alcalinizante por sua riqueza em sais minerais alcalinos, destacando-se seu baixo teor de sódio e sua riqueza em potássio2. Em todas as suas formas, os damascos são ricos em potássio, mineral essencial para o bom funcionamento nervoso e muscular, que também ajuda a manter a pressão sangüínea normal e o equilíbrio dos líquidos do organismo1.

Os damascos também são uma excelente fonte de vitamina E, B2 (riboflavina), vitamina C, um antioxidante que ajuda na absorção do ferro, e licopeno. O licopeno, encontrado também nos tomates, é um antioxidante poderoso que ajuda a prevenir o câncer e doenças do coração. Os damascos secos são ainda mais nutritivos, pois contêm todas estas vitaminas citadas em doses concentradas, com exceção da vitamina C, uma vez que grande parte dessa vitamina se perde quando os damascos são enlatados ou secos1,5.

Comparativamente, os damascos secos são muito mais nutritivos que os frescos ou enlatados por conterem apenas 32% de água, comparados aos 85% de água da fruta fresca. Constituem, além disso, uma fonte mais concentrada de calorias – 50 kcal em 113 g de damasco frescos contra 260 em 113g (mais ou menos 30 metades) de damascos secos. Quando consumidos com moderação, os damascos secos representam uma nutrição compacta e conveniente1.

No estudo de Dragovic-Uzelac et al. (2007), foram determinadas as diferenças na quantidade de polifenóis e carotenóides em três diferentes cultivares de damasco, localizados em duas diferentes regiões da Croácia. Os tipos de polifenóis presentes durante o amadurecimento foram similares, enquanto a quantidade desses polifenóis diferiu significativamente. Frutas imaturas mostraram o maior nível de polifenóis, já as frutas mais maduras apresentaram um nível bem menor desse composto, nível esse que se manteve inalterado até o estágio da fruta se tornar madura o suficiente para ser comercializada. Foi concluído que a quantidade de polifenóis durante o amadurecimento do damasco depende do tipo de cultivo, enquanto que a região de cultivo não tem influência considerável nesse aspecto.

Já em relação aos carotenóides, durante o amadurecimento a quantidade desses aumentaram significativamente, especialmente o β-caroteno, que representa de 70 a 85% da quantidade total de carotenóides disponível. No que diz respeito ao local de cultivo, a quantidade de carotenóides do damasco sofreu interferência desse fator, sendo que o maior valor do composto esteve presente em cultivares da região Mediterrânea6.

O néctar de algumas frutas, incluindo laranja, cereja azeda, pêssego e damasco foram analisados no estudo de Tosun e Ustun (2003). O objetivo foi verificar a capacidade antioxidante, a quantidade total de compostos fenólicos, ácido ascórbico e carotenóides presentes em cada uma das frutas estudadas. O potencial antioxidante do néctar de damasco foi bastante alto: 5.68 mol de poder antioxidante por ml de néctar, porém, nesse quesito o néctar de cereja azeda se mostrou o melhor de todos (8.01 mol de poder antioxidante/ml de néctar).

Já em relação à quantidade de ácido ascórbico e carotenóides totais, o damasco apresentou valores altos (105,2 mg/kg de ácido ascórbico e 3,32 mg/L de carotenóides totais), que só foram superados pelos valores encontrados no néctar de laranja (589,8 mg/kg de ácido ascórbico e 3,43mg/L de carotenóides totais). Para concluir, a quantidade de compostos fenólicos encontrada no néctar de damasco também foi alta (457,51mg/L), no entanto, o valor mais alto foi encontrado na cereja azeda (475,69 mg/L)7.

Apesar de todas as boas propriedades que o damasco apresenta, existem alguns inconvenientes em relação ao consumo dessa fruta. Um desses inconvenientes é a presença de conservantes à base de sulfitos nos damascos secos e o tratamento com dióxido de enxofre a que freqüentemente os damascos são submetidos, de forma a preservar a cor e certos nutrientes da fruta. É por isso que o damasco, tanto o seco quanto o fresco, provocar reações alérgicas ou ataques de asma em pessoas suscetíveis. A menos que não contenham sulfito, os damascos secos devem ser evitados por quem sofre de asma1.

Outro inconveniente é que os damascos secos deixam nos dentes resíduos pegajosos que podem causar cáries. E para finalizar, o salicilato natural presente no damasco pode provocar reações alérgicas nas pessoas suscetíveis a aspirina, uma vez que o salicilato é o principal ingrediente desse medicamento1.

TD/Química
Os damascos são umas das maravilhas pouco conhecidas do reino das frutas. Apesar de serem essencialmente uma fruta de verão, os damascos são facilmente encontrados, enlatados ou secos, durante o ano inteiro5.

Ideal para lanches e sobremesas, os damascos são deliciosos, fáceis de digerir, ricos em fibras, contêm poucas calorias (cerca de 50 em três damascos frescos e 85 em dez metades secas), não contêm gordura e são altamente nutritivos. Três damascos frescos ou dez metades secas fornecem também mais de 25% da RDA (Ingestão Dietética Recomendada) de vitamina A na forma vegetal (beta-caroteno)1. A melhor forma de utilizar o damasco é com os frutos secos amolecidos3.

Curiosidades
O damasqueiro tem fama de ser uma das árvores mais “viajadas”. Sua origem foi no Norte da China, foi levada para a Grécia por Alexandre Magno e de lá foi para Roma, onde seu cultivo estendeu-se por toda mediterrânea. No século XVIII foi levada para América do Norte, onde se aclimatou na Califórnia e nos estados ribeirinhos do Mississipi2.

O damasco infelizmente é uma fruta pouco consumida no Brasil3 e de acordo com Martin (2007), os melhores damascos do mundo vêm de Hunza, no Paquistão.

Segundo Martin (2007), a população de Hunza, no Paquistão, é considerada uma das mais saudáveis do mundo, com uma expectativa de vida de mais de 100 anos, e praticamente sem nenhum histórico de câncer. Seus habitantes mantêm uma boa forma sendo ágeis e ativos, física e mentalmente. A dieta destes paquistaneses consiste, naturalmente, de muitos damascos, sejam eles frescos ou secos. Também utilizam seu óleo para cozinhar e em loções faciais, e costumam comer os caroços, picados ou moídos, misturados com mel.

Martin (2007) diz que a longevidade e a boa forma da população de Hunza foram atribuídas às altas concentrações de vitamina B17, conhecida como amidalina ou laetrila na sua forma pura, encontradas dentro do caroço do damasco. Os habitantes de Hunza consomem, por dia, entre 50-75mg desta vitamina, e de acordo com o autor, praticamente inexistem ocorrências de doenças do coração, pressão alta e colesterol. Outras fontes de amidalina são as amêndoas amargas, as sementes das maçãs, as sementes de uva, o painço (ou milho miúdo), as favas e outras sementes e grãos.

No entanto, os médicos alertam que a ingestão de caroços de damasco pode trazer conseqüências desastrosas à saúde. A laetrila, ou amidalina, legalmente, não pode ser venda como tratamento médico. No entanto, ela se encontra à venda como suplemento nutricional, geralmente chamado de vitamina B17, nas lojas de alimentos naturais. Essa substância é anunciada como tratamento alternativo para patologias como câncer, doenças do coração, alergias, disfunções do fígado entre outras. A verdade é que nenhum desses benefícios anunciados possui comprovação científica. Os caroços de damasco e outras fontes de laetrila contêm cianeto; sendo assim, o consumo de grandes quantidades de laetrila, pode trazer o risco de envenenamento por cianeto1.

Artigos científicos

SENTANIN, M.A.; AMAYA, D.B.R. Teores de carotenóides em mamão e pêssego determinados por cromatografia líquida de alta eficiência. Ciênc. Tecnol. Aliment., vol.27, n.1, p.13-19, jan./mar. 2007.
MARTIN, Patrick. Damascos. Rev. Nutrição em Pauta, set./out. 2007. Disponível em: <http://www.nutricaoempauta.com.br>. Acesso em: 18 mar. 2008.
DRAGOVIC-UZELAC, V.; LEVAJ, B.; MRKIC, V.; BURSAC, D. and BORAS, M. The content of polyphenols and carotenoids in three apricot cultivars depending on stage of maturity and geographical region. Food Chemistry, v.102, issue 3, p. 966-975, 2007.
TOSUN, I. and USTUN, S. An Investigation about Antioxidant Capacity of Fruit Nectars. Pakistan Journal of Nutrition, v. 2, n.3, p.167-169, 2003.


Medidas caseiras

Damasco dessecado

Quantidade
Energia (kcal)
Proteína (g)
Carboidrato (g)
Lipídio (g)
Vit. C
(mg)
Vit. A
(µg ER)
1 unidade (70g)
131,00
3,10
29,60
-
15,10
1270,00
Fonte: PINHEIRO et al., 2005.



Dicas práticas
Ao comprar o damasco enlatado deve-se tomar o mesmo cuidado que ao comprar qualquer outro tipo de enlatado. O procedimento correto é rejeitar as latas que estiverem muito defeituosas e se as latas ficarem guardadas por muito tempo no armário ou na despensa, sempre verificar se as tampas não estão muito enferrujadas ou estufadas. Caso estejam dentro dessas condições, as latas devem ser inutilizadas, pois a ingestão do alimento contido no seu interior pode trazer problemas à saúde8.

Já em relação aos damascos secos, a dica é a mesma para todas as frutas secas: não devem ser guardadas em geladeira e para que fiquem mais saborosas devem ser guardadas juntamente com o açúcar em um recipiente bem fechado. Além das frutas secas ficarem mais saborosas, o açúcar não empedra8.

Tabela de composição centesimal
Cada 100g de damasco cru contém:

Nutrientes

Unidade
Valor por 100 g
Relacionados
Água
g
86.349998
Calorias
kcal
48
Proteínas
g
1.4
Lípides totais (gordura)
g
0.39
Carboidratos, por diferença
g
11.12
Fibra total dietética
g
2
Cinzas
g
0.75
Minerais
Cálcio, Ca
mg
13
Ferro, Fé
mg
0.39
Magnésio, Mg
mg
10
Fósforo, P
mg
23
Potássio, K
mg
259
Sódio, Na
mg
1
Zinco, Zn
mg
0.2
Cobre, Cu
mg
0.078
Manganês, Mn
mg
0.077
Selênio, Se
mcg
0.1
Vitaminas
Vitamina C, ácido ascórbico total
mg
10
Tiamina
mg
0.03
Riboflavina
mg
0.04
Niacina
mg
0.6
Ácido pantotênico
mg
0.24
Vitamina B6
mg
0.054
Folato total
mcg
9
Vitamina B12
mcg
0
Vitamina A
UI
1926
Vitamina A, RAE
mcg_RAE
96
Lípides
Ácidos graxos, total saturados
g
0.027
Ácidos graxos, total mono-insaturados
g
0.17
Ácidos graxos, total poli-insaturados
g
0.077
Colesterol
mg
0
Fonte: USDA Nutrient Database for Standard Reference, Release 14, jul. 2001.


Referências bibliográficas
READER´S DIGEST. Alimentos saudáveis, alimentos perigosos: Guia prático para uma alimentação rica e saudável. Rio de Janeiro: Reader´s Digest, 1998. 400p.
PAMPLONA, Jorge. O poder medicinal dos alimentos. 1. ed. Tatuí: Afiliada, 2008. 272 p.
SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes. Damasco. Disponível em: <www.diabetes.org.br>. Acesso em: 7 mar. 2008.
SENTANIN, M.A.; AMAYA, D.B.R. Teores de carotenóides em mamão e pêssego determinados por cromatografia líquida de alta eficiência. Ciênc. Tecnol. Aliment., vol.27, n.1, p.13-19, jan./mar. 2007.
MARTIN, Patrick. Damascos. Rev. Nutrição em Pauta, set./out. 2007. Disponível em: <http://www.nutricaoempauta.com.br>. Acesso em: 18 mar. 2008.
DRAGOVIC-UZELAC, V.; LEVAJ, B.; MRKIC, V.; BURSAC, D. and BORAS, M. The content of polyphenols and carotenoids in three apricot cultivars depending on stage of maturity and geographical region. Food Chemistry, v.102, issue 3, p. 966-975, 2007.
TOSUN, I. and USTUN, S. An Investigation about Antioxidant Capacity of Fruit Nectars. Pakistan Journal of Nutrition, v. 2, n.3, p.167-169, 2003.
SALLES, Nenzinha Machado. Sebastiana Quebra-Galho: Um guia prático para as donas de casa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. 611p.
PINHEIRO, Ana Beatriz Vieira et al. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2005, 131 p.
USDA Nutrient Database for Standard Reference, Release 14, jul. 2001. Disponível em: <http://www.unifesp.br>. Acesso em 22 fev. 2008.



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